VOLUME: 8 - OUT/DEZ - 2003 Mais volumes...
ISSN: 2318-0331
Caracterização Geoquímica e Gênese dos Principais Íons das Águas Subterrâneas de Porto Alegre, RS.
Autores
Claudio Roisenberg, Antonio Pedro Viero, Ari Roisenberg, Miriam S. R. Schwarzbach, Iara ConceiÇÃo Morante
Resumo
As águas subterrâneas do Município de Porto Alegre foram estudadas sob o ponto de vista hidrogeoquímico com o objetivo de reconhecer as características físico-químicas naturais e contaminações e apontar processos genéticos para os principais íons. O trabalho estabelece relações entre a composição química das águas e arcabouço geológico da área, na qual é registrado um sistema aqüífero de natureza fissural, constituído por rochas granítico-gnáissicas, e um de natureza granular, caracterizado por depósitos argilo-arenosos a arenosos de origem flúvio-lacustre, lagunar e aluvionar. O primeiro é denominado Sistema Aqüífero Fraturado Pré-cambriano e o último, Sistema Aqüífero Poroso Cenozóico. Para tanto, foram selecionados 90 poços, com base em critérios geológicos, urbanização e distribuição espacial, para coleta de águas subterrâneas. O resultado hidroquímico mais significativo aponta elevados teores de fluoreto nas águas do Sistema Aqüífero Fraturado, que alcançam valores da ordem de 6 mg/L. A contaminação por aportes antropogênicos nas águas é pontual e está relacionada, em geral, às condições higiênico-sanitárias locais deficientes e problemas construtivos dos poços, o que provoca a ocorrência de nitrato em altos teores, bem como de coliformes fecais. As águas do Sistema Aqüífero Fraturado são classificadas como bicarbonatadas cálcico-sódicas a sódicas, passando a tipos intermediários de composição cloretada-bicarbonatada-cálcico-sódica em conseqüência da mistura com as águas do Sistema Poroso Cenozóico, o que promove o incremento no conteúdo de cloreto, sulfato, sódio, cálcio, magnésio e sólidos totais dissolvidos. O modelamento geoquímico aponta, na maioria das amostras, águas subsaturadas em fluorita e carbonatos e supersaturadas em apatita, quartzo, feldspatos, argilo-minerais, gibsita, zeolitas e goetita. Foram observadas correlações positivas entre flúor-cálcio-bicarbonato-pH, as quais decorrem, provavelmente, da dissolução de fluorita e calcita, presentes em fraturas. O bicarbonato apresenta um crescimento muito acentuado em relação ao cálcio, o que denota a atuação de processos de dissolução de CO 2 nas águas subterrâneas. O quimismo das águas subterrâneas do Sistema Aqüífero Fraturado é independente da composição química e mineralógica dos granitos e gnaisses que o compõem. Esta feição reflete uma interação água-rocha muito restrita neste ambiente, o que determina uma fraca contribuição da rocha no conteúdo da maioria dos elementos dissolvidos na água. É importante destacar que as informações geradas neste trabalho representam elementos importantes para a definição de políticas de planejamento e gerenciamento das águas subterrâneas do Município de Porto Alegre.
Palavras-chave
Água subterrânea, Aqüífero fraturado, Hidro, Geoquímica.
Authors
Claudio Roisenberg, Antonio Pedro Viero, Ari Roisenberg, Miriam S. R. Schwarzbach, Iara ConceiÇÃo Morante
Keywords
Água subterrânea, Aqüífero fraturado, Hidro, Geoquímica.
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